Você conhece 'ghostbot'? Saiba mais sobre clonagem digital de mortos
Os clones digitais já são uma realidade! Mas estamos preparados para lidar com todas as nuances da clonagem digital de mortos?

Fonte: Getty Images
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A existência das inteligências artificiais de texto e voz tem proporcionado usos bastante interessantes. Entre eles, a clonagem de mortos. Filmes, séries e livros de ficção científica, já trouxeram esse conceito, que por muitos foi considerado apenas uma curiosidade ou algo mórbido.
No entanto, a conversa com pessoas que já partiram é uma realidade, cheia de nuances e questões éticas ainda a serem discutidas. Saiba mais sobre clonagem digital, como funciona e quais as possíveis crises éticas envolvidas.
Seu tabuleiro ouija já pode ser aposentado e substituído por uma versão virtual mais elegante.
O que é clonagem digital?
A clonagem digital nada mais é que a recriação de uma personalidade, nesse caso de uma pessoa que de fato existe, ou existiu, através do uso da inteligência artificial. A IA é alimentada com dados de mensagens de texto, cartas, áudios, imagens (vídeo e fotografia) e programada para responder a perguntas simples.
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Sendo assim, a comunicação com os mortos não é uma ligação direta para o além, mas o contato com um arremedo de personalidade capturado por uma IA programada especialmente para você.
Quanto maior a quantidade de dados, melhores serão as respostas da IA.
Usuários que testaram ghostbots como Replika, YOV e o Project December, dizem ter experimentados sensações ambíguas em relação ao uso das plataformas.
Para alguns, poder trocar algumas palavras, ouvir a voz, relembrar o rosto e até receber alguns conselhos, foi uma experiência acalentadora. No entanto, será que quem já partiu gostaria de ser mantido em uma réplica digital limitada?
A ética da ressurreição digital
A Faculdade de Direito da Universidade Nacional de Seul realizou uma pesquisa sobre ética de clonagem digital e respeito a diretivas antecipadas de vontade. Foi apresentado a 222 jovens americanos o caso de uma jovem hipotética de 20 anos, que faleceu em um acidente de carro. Os familiares estariam em um embate sobre recriarem ou não a personalidade da mulher em um ghostbot.
Quanto questionados sobre o quanto seria ético realizar essa ressurreição digital, sem o consentimento ou desejo expresso previamente pela falecida, apenas 3% consideram não haver problemas.
Em contrapartida, quando informados de que a falecida havia consentido com a clonagem digital, 58% dos entrevistados se mostraram favoráveis ao plano. Os dados mostram não apenas questões sobre como lidados com a morte, mas também sobre o respeito que temos em relação aos desejos dos que já partiram. Mas há ainda outro problema que é, a clonagem em vida.
Dos pesquisados, 97% consideram ser uma situação problemática e não concordaram com a clonagem digital.
As IAs e suas empresas desenvolvedoras não possuem um filtro ou averiguação para saber se a personalidade que está sendo programada é de alguém vivo ou morto, sendo assim, qualquer pessoa poderia ser digitalmente clonada.
As questões éticas e limites para que essa tecnologia possa ser bem empregada já vem sendo discutidas nos meios acadêmicos, devido à sua ambiguidade em relação aos usos e efeitos nos usuários.
Essa não será uma tarefa simples e ainda existe um longo caminho a percorrer, no entanto, isso necessita de atenção e resolubilidade, pois a cada momento a tecnologia se aprimora e as consequências do mau uso podem ser difíceis de serem revertidas.
Que saber mais sobre tecnologia e vida após a morte? Então, entenda o caso do bilionário quer ser congelado por criogenia após sua morte. Para mais assuntos sobre ciência e tecnologia, continue acompanhando o TecMundo.

Por Jennifer Mariane Galdino de Queiroga Egues
Especialista em Redator
Estudante da área da saúde e ex-aspirante a Física.