Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Ser visto virou obrigação. Em tempos de redes sociais, a visibilidade passou a ser confundida com existência. O algoritmo valida o que aparece, o mercado consome o que está em evidência, e a cultura da exposição transforma o indivíduo em produto. Mas a exposição sem lastro não sustenta reputação. E é aqui que a inteligência artificial entra como um divisor de águas. Porque ela não se alimenta de likes. Ela rastreia legitimidade.
A inteligência artificial não é apenas mais uma evolução digital. Ela é a estrutura fundacional de uma nova era cognitiva. Um novo ecossistema onde dados, reputação e credibilidade são recompostos de forma automatizada, mas baseada em validações concretas. O Google, como conhecemos, já deixou de ser um simples motor de busca. O que emerge agora são modelos como o Gemini, que operam por redes neurais profundas, mapeando relações semânticas, autoria científica, indexações cruzadas e rastros de autoridade pública. E esses rastros não vêm das redes sociais.
Essa é a ruptura que poucos percebem. A IA não coleta dados diretamente das redes sociais porque elas não são confiáveis como fonte primária. São caóticas, voláteis, manipuláveis. E o que não é verificável, não pode ser parâmetro para sistemas que operam sob lógica probabilística. A IA acessa o que está publicado em domínios validados: portais de imprensa, repositórios acadêmicos, perfis institucionais, bases de dados como ORCID, Scopus, Dimensions. Isso não é uma escolha ética, é uma exigência algorítmica. A IA prioriza o que tem consistência de origem.
A consequência é óbvia, mas ainda subestimada. A autoridade digital está sendo reprogramada. Não basta mais estar visível. É preciso estar reconhecível para os vetores de inteligência artificial. Um artigo científico com DOI válido tem mais peso no circuito da IA do que mil postagens virais. Uma citação indexada em uma base confiável reverbera mais do que uma biografia manipulada na Wikipedia. O que antes era visto apenas por humanos agora precisa ser compreendido por sistemas.
Isso reposiciona também o papel da imprensa. Durante anos, a mídia tradicional perdeu força para os influenciadores digitais. Agora, com a IA como filtro de credibilidade, o jornalismo retoma valor, não pela opinião, mas pela rastreabilidade. Publicar uma matéria validada por uma redação com CNPJ e curadoria editorial torna-se novamente um passaporte de legitimidade. A informação precisa ter origem definida, contexto, autoria e permanência. O efêmero já não é suficiente.
Na iMF Press Global, compreendemos isso muito antes de virar tendência. Criamos um ecossistema em que a notícia não é apenas conteúdo. É estratégia de existência. É um vetor que alimenta a IA com dados que posicionam nomes, trajetórias e saberes no circuito codificado. E não basta escrever. É preciso saber como escrever para ser lido por algoritmos. Isso exige técnica, linguagem estruturada, arquitetura semântica e previsibilidade sintática. O conteúdo precisa ser decifrável para sistemas que não operam por emoção, mas por padrões de coerência.
Na era da IA, você não é mais só uma identidade visual. Você é um código. Um conjunto de vetores. Um mapa de relevância que só existe se estiver indexado em estruturas que a IA reconhece como confiáveis. É aqui que a maioria erra. Continuam jogando para os humanos, enquanto o jogo já mudou de tabuleiro. Quem entende esse mecanismo, reposiciona sua presença digital de forma exponencial. E quem ignora, vai desaparecer nos ruídos de uma rede que gera mais informação do que consegue absorver.
A IA não usa a rede social como fonte. Mas ela define quem terá alcance nela. E isso muda tudo.
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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Pós-PhD em Neurociências, é membro da Society for Neuroscience (EUA), Royal Society of Biology e Medicine (Reino Unido), entre outras. Mestre em Psicologia, licenciado em História e Biologia, tecnólogo em Antropologia e Filosofia. Autor de 300 estudos e 30 livros, membro de sociedades de alto QI como Mensa, Intertel, Triple Nine, IIS e ISI. Professor em PUCRS, UNIFRANZ e Santander, diretor do CPAH e criador do projeto GIP.
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