Qual a opinião do criador do Estúdio Ghibli sobre inteligência artificial? Confira declaração

Esta semana, a atualização mais recente do ChatGPT fez com que muitos usuários de redes sociais decidissem trocar seus avatares e imagens de exibição. Isso porque a ferramenta de IA generativa ganhou um recurso que permite transformar fotografias em desenhos com estilo bastante semelhante ao do Estúdio Ghibli, conhecido por trabalhos como A Viagem de Chihiro.
Entre aqueles que entraram na onda está o próprio Sam Altman, fundador da OpenAI, que apoiou publicamente a “ghiblificação” entre os usuários. No entanto, o novo recurso não agradou a muitos fãs do estúdio e a artistas, que continuam combatendo o “roubo” que é promovido por ferramentas do tipo.
Como quase tudo que chega às redes sociais nos dias atuais, o assunto vem provocado polêmica, ofensas e muitos xingamentos que não são apropriados para serem reproduzidos aqui. No entanto, uma voz importante não foi ouvida até o momento: a do próprio Estúdio Ghibli, que está tendo seu estilo “imitado” pelo ChatGPT.
O que a Ghibli tem a dizer sobre a inteligência artificial?
Até o momento, o estúdio conhecido pela qualidade de suas animações não fez qualquer pronunciamento oficial sobre o assunto. Consultada pela Associated Press, a companhia afirmou que não está disposta a fazer qualquer comentário sobre o fato de seu estilo visual aparentemente ter sido usado para treinar a ferramenta de IA.
No entanto, comentários feitos em 2016 por Hayao Miyazaki, cofundador da Ghibli e seu diretor mais famoso, dão a entender que a companhia não deve estar gostando nada do que está acontecendo. Na época, ele se mostrou bastante desgostoso com uma apresentação conduzida pela DWANGO Co., que também foi acompanhada pelo produtor Toshio Suzuki.
Nela, a companhia de telecomunicações mostrou personagens que aprenderam diferentes tipos de movimentação após serem treinados a partir de um modelo específico. No caso em questão, Miyazaki acompanhou a exibição de corpos tridimensionais que foram criados com o intuito de desempenhar “movimentos grotescos que os humanos não podem imaginar”.
O diretor da Ghibli não somente não ficou contente com o que viu, como disse que nada daquilo era divertido. Em resposta à apresentação, ele disse que os movimentos mostrados o lembravam das dificuldades que um amigo com deficiência física tinha para realizar até mesmo ações normais do cotidiano.
“Eu não consigo assistir a essa coisa e achá-la interessante. Quem cria essas coisas não tem ideia do que significa a dor. Eu estou completamente enojado. Se você realmente quer fazer coisas assustadoras, pode ir em frente e fazer. Eu nunca desejaria incorporar essa tecnologia no meu trabalho. Eu sinto fortemente que isso é um insulto à própria vida”, explicou Miyazaki.
Experimento não durou muito tempo
Embora a declaração de Miyazaki seja antiga e faça referência a um uso muito específico da inteligência artificial, não é difícil imaginar que ele não deve ser um grande fã do ChatGPT. Além de sempre priorizar a criatividade em suas obras, a relação entre a humanidade e a tecnologia costuma ser um tema frequente delas — e os abusos feitos nesse sentido sempre rendem alguma espécie de punição.
Felizmente (ou infelizmente) para os fãs da Ghibli, o experimento da nova versão da inteligência artificial generativa durou pouco. Após muitos usuários usarem a ferramenta para transformar cenas chocantes, como o ataque do 11 de setembro de 2001, o recurso foi retirado do ar e não tem previsão de volta — algo que a companhia atribuiu a uma sobrecarga de suas GPUs.
Publicamente, a OpenAI afirma que adicionou em sua plataforma “gatilhos” que impedem que os resultados obtidos imitem o trabalho de um artista específico — mas, aparentemente, não bloqueiam a “inspiração” em um estúdio de animação. Questionada pela Associated Press, a companhia não respondeu se tem uma licença ou acordo que a permita treinar sua tecnologia usando os trabalhos da Ghibli como base.
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