Provedor de internet do Ceará encerra atividades após sofrer ataques de facção criminosa

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A provedora de internet GPX Telecom decidiu encerrar as atividades após ser alvo de ataques de criminosos nas últimas semanas, de acordo com nota divulgada nesta quinta-feira (20). A empresa tinha sede na cidade de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza (Ceará), onde atuava desde 2016.

Em seu perfil no Instagram, a operadora revelou que teve suas instalações destruídas “em menos de 20 minutos”, durante um dos ataques sofridos, com os atos de vandalismo interrompendo o que foi construído ao longo de nove anos. Dessa forma, tomou a difícil decisão de fechar as portas.

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Provedor anuncia fim das atividades por meio de nota no Instagram. (Imagem: Instagram/GPX Telecom/Reprodução)

“Esse triste episódio evidencia a fragilidade da segurança em que vivemos nos nossos dias atuais, onde o trabalho árduo de anos pode ser destruído em questão de minutos. Sempre priorizamos a qualidade e a legalidade em nossos serviços, e somos imensamente gratos pela confiança que vocês depositaram em nós ao longo dessa jornada”, escreveu a prestadora.

Na sequência da nota, os responsáveis pela GPX Telecom disseram esperar por justiça, diante dos ataques a provedores de internet no Ceará. A empresa comercializava planos de internet 100% fibra óptica em Caucaia, com opções entre 100 Mbps e 400 Mbps de velocidade, conforme as informações do site da marca, que continua no ar.

Entenda o caso

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Cortes de cabos e depredação de lojas são algumas das ações praticadas pelos criminosos. (Imagem: Getty Images)

O fechamento da GPX Telecom é consequência dos ataques a provedores de internet do Ceará ocorridos desde fevereiro. Foram registrados pelo menos oito atos de vandalismo até o momento, envolvendo o corte de cabos que levam a conexão até os assinantes, deixando vários clientes sem sinal em cidades como Fortaleza, São Gonçalo do Amarante, Caucaia e Caridade.

Também houve investidas contra as sedes das empresas, como a descrita pela operadora que encerrou as atividades. Além disso, funcionários das provedoras têm sido alvo de ataques e ameaças, e alguns carros utilizados por eles durante procedimentos de instalação e manutenção da rede chegaram a ser incendiados.

De acordo com o g1, os ataques estariam sendo realizados por integrantes do Comando Vermelho, como parte de uma estratégia de extorsão das empresas. As investigações apontam que a facção criminosa cobra uma taxa mensal para que os provedores de internet funcionem em determinadas áreas do território cearense.

As operadoras que não aderem à mensalidade e deixam de pagar a taxa se tornam alvos do grupo criminoso, em retaliação. Segundo o governo do Ceará, também há indícios de que o crime organizado esteja administrando provedores clandestinos, impedindo que os consumidores tenham acesso a serviços legalizados.

Estima-se que 10% da população da Grande Fortaleza, o equivalente a 400 mil pessoas, vive em áreas tomadas pelo crime organizado, onde os provedores irregulares atuam. Operando sem fiscalização, eles são a única opção de conectividade para quem mora nesses locais.

Brisanet, Planeta Net, A4 Telecom, ACNet e Giga+ Fibra são outras prestadoras que sofreram ataques. Em Caridade, com pouco mais de 20 mil habitantes, 90% dos usuários de internet ficaram sem conexão nos últimos dias, impactando a comunicação e os serviços essenciais.

Autoridades investigam ataques a provedores de internet

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As autoridades cearenses já prenderem 27 suspeitos de envolvimento nos ataques. (Imagem: Getty Images)

No início de março, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou uma série de medidas para combater os criminosos responsáveis por atacar os provedores. Entre as ações, foi criado um grupo especial de investigação para identificar os autores dos atos de vandalismo.

Desde então, pelo menos 27 suspeitos dos ataques às operadoras foram presos como parte da Operação Strike. As detenções mais recentes ocorreram na segunda-feira (17), em Caucaia, uma delas após equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar serem acionadas para uma ocorrência de incêndio em uma loja da Giga+.

Segundo o governo cearense, os trabalhos integrados das Forças de Segurança do estado também resultaram na apreensão de carros, celulares e armas utilizadas pelos criminosos nos ataques. Os casos continuam sendo investigados.

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