Segurança

Saiba como policiais infiltrados em redes sociais e mensageiros têm impedido estupros virtuais

Grupo montado em São Paulo monitora grupos para encontrar atividades criminosas e identificar responsáveis

em 28/03/2025, 13:00
Saiba como policiais infiltrados em redes sociais e mensageiros têm impedido estupros virtuais

Grupos em mensageiros e redes sociais onde crimes de cunho sexual acontecem todos os dias contra contra crianças e adolescentes podem ter um policial infiltrado. Essa é uma das formas de combate a esses atos violentos, que tem em um grupo estabelecido em São Paulo um exemplo de como funciona esse trabalho.

O Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) foi criado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) no fim de 2024 e, em cinco meses, já tem uma série de casos bem sucedidos de desmantelamento de operações criminosas. Os agentes estão aos poucos se especializando não apenas em encontrar e derrubar esse tipo de ambiente nocivo, mas também identificar e prender os responsáveis.

De acordo com dados oficiais, o projeto já conseguiu em cerca de cinco meses impedir mais de 80 estupros virtuais. Esse é o termo usado para a prática de vários atos de violência e abusos por meios eletrônicos, envolvendo em especial menores de idade e grupos de pessoas que coordenam ou participam dos atos em transmissões ao vivo.

O que é e como funciona o grupo

O Noad tem sede no prédio da SSP e foi criado por uma resolução em novembro de 2024, sendo o primeiro do país com esse foco. De acordo com a própria Secretaria, o objetivo da divisão é "impedir a expansão da violência nas redes sociais, como estupros virtuais e a comercialização de pornografia infantil".

Ele funciona com base em investigação e denúncias, iniciando com um monitoramento dessas atividades suspeitas por meio de oficiais especialistas em infiltração e observação. Para além dos analistas, policiais militares e peritos também participam das operações, agindo inclusive com a contribuição de pais ou responsáveis quando necessário. As operações policiais em si, entretanto, são as que têm se destacado por ajudar a derrubar alguns desses espaços onde ocorrem os crimes.

uma pessoa vista de costas em uma foto borrada, acessando um computador com a logo da Polícia Civil.
Imagem: Reprodução/SSP

A primeira delas com a equipe já formada foi a Operação Nix, que envolveu dez mandados de busca e apreensão no fim de 2024 em cinco estados brasileiros. Um adolescente do interior paulista foi preso, acusado de ser um dos responsáveis de um grupo investigado por uma série de crimes virtuais envolvendo crianças.

Como agem os infiltrados do Noad

O termo "observadores digitais" é usado pelo Noad para identificar os agentes de inteligência do núcleo. Eles são profissionais que atuam infiltrados em canais e grupos com atividades suspeitas, como compartilhamento de materiais de abuso infantil e estupros virtuais.

Esses agentes ficam 24 horas por dia nas comunidades em busca de mais informações ou até flagras, além de convites para entrar em grupos secretos e evidências de irregularidades. Eles também são os responsáveis por coletar materiais que podem ser usados na investigação e em um inquérito policial futuro.

Ao detectar um caso criminal, o observador pode acionar outros departamentos e o Judiciário para dar início a um processo ou pedidos de busca e apreensão. Além disso, o compartilhamento de dados com outros órgãos pode resultar na identificação dos responsáveis.

Segundo um dos agentes de telecomunicações do Noad, o policial Alysson Sawasato, os cibercriminosos que atuam nesse setor constantemente "buscam algo novo envolvendo violência" e exigem readaptações nas operações. O plano em curto prazo do núcleo agora é ampliar a equipe, além de reforçar a importância de que os pais estejam atentos e conscientes sobre os riscos que as crianças correm mesmo em aplicativos que não parecem perigosos.

Realidade Violada Parte 3

O TecMundo lançou no final de 2024 o documentário Realidade Violada 3: Predadores Sexuais. Essa é a terceira parte da série em vídeo que aborda diferentes aspectos do cibercrime, desde as investigações policiais e depoimentos das vítimas até como são as atividades de hackers.

Na produção em formato de longa-metragem, acompanhamos o dia a dia, as dificuldades e as responsabilidades de agentes especializados em combater a venda de materiais de abuso infantil, exploração de crianças ou adolescentes e outras atividades ilícitas. 

Além disso, conversamos com advogados e pessoas afetadas por esse tipo de crime e acompanhamos uma operação policial que desmantelou uma estrutura que envolvia crimes sexuais.

Para saber mais sobre novidades e dicas em Segurança Digital, acompanhe a seção especial sobre o assunto aqui no site do TecMundo.

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Fontes