MP denuncia três envolvidos em lavagem de R$ 6 bilhões para o PCC por meio de fintechs

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O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou três pessoas envolvidas com a lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) utilizando fintechs, de acordo com as atualizações da investigação divulgadas na terça-feira (25). O grupo teria movimentado ilegalmente cerca de R$ 6 bilhões.

Um dos alvos da denúncia é o policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, que também é sócio da 2GO Bank, uma das instituições financeiras utilizadas no esquema. Os outros dois são os empresários Carlos Alexandre Ballotin e Marcelo Henrique Antunes da Palma, que fundaram a InvBank, igualmente acusada de participar da lavagem de dinheiro.

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Um dos denunciados foi preso no mês passado. (Imagem: Getty Images)

Conforme o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), o trio denunciado promovia práticas como o fracionamento de transações com carteiras digitais e contas bancárias virtuais (smurfing) e o uso de criptomoedas para operar o esquema. Eles também agiam com empresas de fachada, contas de laranja e empréstimos fraudulentos.

Ainda segundo o MPSP, uma dessas empresas foi usada para lavar R$ 6 bilhões, que tinham como destino a China e Hong Kong, principalmente. A quantia foi movimentada, ainda, em países como Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Paraguai, Panamá, Turquia, Itália, Holanda, Argentina e Peru, entre outros, além do Brasil.

Como funcionava o esquema?

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Os acusados usavam meios digitais para as transferências de dinheiro. (Imagem: Getty Images)

Utilizando as fintechs, o três denunciados enviavam dinheiro oriundo do negócio de compra e venda de imóveis de luxo para contas de usuários “laranjas”, sobre as quais tinham total controle. Dessa forma, eles conseguiam formalizar o negócio sem despertar suspeitas de órgãos de fiscalização como a Receita Federal e o Banco Central.

Segundo o GAECO, a manobra utilizando a InvBank e a 2GO Bank tinha como objetivo ocultar os reais interessados nas aquisições, que eram integrantes da alta hierarquia do PCC. O esquema começou a ser desmantelado depois das informações fornecidas pelo empresário Antônio Vinícius Gritzbach, que firmou acordo de colaboração premiada com o MPSP.

O delator da facção criminosa disponibilizou detalhes da operação do grupo para as autoridades, informando como funcionava a circulação ilícita do dinheiro. Gritzbach acabou assassinado em novembro do ano passado, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

As ações mais recentes são desdobramentos da Operação Hydra, deflagrada pelo MPSP e a Polícia Federal no mês passado. Na ocasião, os policiais prenderam Elia Junior, que já havia sido detido em 2024 por envolvimento com lavagem de dinheiro para criminosos chineses.

Medidas contra os denunciados

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Os acusados também podem ter que pagar uma multa milionária pelos crimes cometidos. (Imagem: Getty Images)

Os promotores do caso de lavagem de dinheiro para o PCC por meio de fintechs solicitaram que os denunciados respondam pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro cometidos de forma continuada. Há, ainda, o pedido para que eles paguem multa mínima de R$ 100 milhões como reparação e indenização pelos prejuízos causados.

Além disso, o GAECO recomendou a manutenção das medidas cautelares pessoais e patrimoniais anunciadas anteriormente, como a prisão preventiva, o sequestro de bens e a suspensão da atividade econômica. Outro pedido que deve ser mantido é o afastamento do sigilo bancário e fiscal dos envolvidos.

Em nota enviada ao g1, a defesa dos fundadores da InvBank tratou a denúncia como “extremamente genérica e sem qualquer materialidade contra seus clientes”. Por sua vez, a defesa de Elia Júnior informou que não se manifestaria neste momento.

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