As pessoas que fazem uso prolongado do ChatGPT estão se tornando emocionalmente dependentes da tecnologia e tendem a tratá-la como se fosse um “amigo”. A conclusão é de estudos sobre como as interações com chatbots de IA impactam o bem-estar emocional, realizados pela OpenAI e o MIT Media Lab.
De acordo com os resultados da investigação, divulgados na última sexta-feira (21), o número de pessoas que têm envolvimento emocional com a inteligência artificial generativa é baixo. No entanto, há entre eles um grupo de “usuários avançados” em que comportamentos e experiências são afetados pela tecnologia.
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Essas pessoas que fazem uso afetivo da IA, mesmo a ferramenta não tendo sido desenvolvida para substituir as relações humanas e sim como um recurso de produtividade, são mais propensas a serem solitárias. Além disso, podem se estressar mais facilmente com mudanças sutis no comportamento do chatbot.
Os experimentos indicaram, ainda, que os usuários que tendem a se viciar no ChatGPT são aqueles com algum tipo de carência em suas vidas pessoais. Dessa forma, eles passam a ter um envolvimento mais profundo com a IA, podendo sofrer com os efeitos negativos desta interação prolongada.
Conversas por texto são mais afetivas

No estudo, os pesquisadores da OpenAI e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, também descobriram que as conversas mais afetivas com o chatbot acontecem na interação por texto. Neste caso, os impactos no bem-estar emocional foram mistos.
Já os modos de voz da IA são associados a um melhor bem-estar se a tecnologia for utilizada brevemente, com os resultados piorando à medida que o uso diário se prolonga. O relatório aponta, ainda, que a opção por uma voz envolvente do modelo não gerou consequências mais negativas na comparação com as vozes neutras ou o texto.
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Além disso, o estudo revelou que as conversas pessoais com o bot são associadas a maiores níveis de solidão, porém a uma menor dependência da tecnologia no uso moderado. Curiosamente, as conversas não pessoais, como as solicitações de ajuda para uma tarefa, resultaram em maior dependência, principalmente no uso prolongado.
Outra descoberta dos autores é que o uso em excesso do ChatGPT pode ser problemático em todos os aspectos, seja na interação por texto ou voz, em conversas pessoais ou não. Quanto mais tempo usando o bot, maior é a probabilidade de se tornar emocionalmente dependente da IA e de ter dificuldades em se socializar.
Diferenças de uso entre homens e mulheres

As pesquisas também mostraram que há diferenças na forma como homens e mulheres respondem ao uso do chatbot da OpenAI. Após quatro semanas interagindo com a tecnologia, as voluntárias do sexo feminino eram menos propensas a se socializarem com as pessoas.
Já os participantes que habilitaram o modo de voz do ChatGPT em um gênero diferente do seu apresentaram níveis significativamente maiores de solidão, de acordo com os autores. Essas pessoas também eram mais propensas a depender emocionalmente da IA ao final do experimento.
Em um dos estudos, a startup fez uma análise automatizada de 40 milhões de interações do ChatGPT em busca de insights sobre o seu uso no mundo real. No outro, o MIT Media Lab realizou um experimento controlado com 1.000 voluntários usando a IA durante quatro semanas.
Dados completos dos estudos estão disponíveis para visualização e download no site do MIT Media Lab (pesquisa 1, pesquisa 2), em inglês.
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